Com temática voltada às mulheres negras do Centro-Oeste, começa mais uma edição do Encontro de Culturas Negras do IFG
Evento, que começou nesta quinta-feira, termina amanhã, 4 de outubro
Com o tema “Mulheres Negras do Centro-Oeste: por reparação e bem-viver”, começou nesta quinta-feira, 2 de outubro, mais uma edição do Encontro de Culturas Negras do Instituto Federal de Goiás (IFG). O evento que acontece no Câmpus Uruaçu iniciou mais um ciclo com uma programação diversificada, incluindo conferências, mesas-redondas, giras de conversas, oficinas, exposições e muitas atividades artísticas e culturais.
A solenidade de abertura foi realizada no pátio do Câmpus Uruaçu. Compuseram a mesa diretiva da cerimônia a reitora do IFG, professora Oneida Barcelos Irigon; a diretora-geral do Câmpus Uruaçu, Andreia Alves do Prado; o presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros, Adilson Pereira; e a representante da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Flávia Costa e Silva; o deputado estadual, Mauro Rubem; e a coordenadora-geral da Comissão Permanente de Políticas de Promoção da Igualdade Étnico-Racial (CPPIR) e servidora do IFG, Marciella Carvalho.
Integrantes da mesa diretiva na solenidade de abertura do Encontro de Culturas Negras
Participaram também da solenidade os pró-reitores de Extensão, Willian Batista dos Santos; de Desenvolvimento Institucional e Recursos Humanos, Sandra Abadia Ferreira; e de Administração, Diego Xavier; e o diretor-geral do Câmpus Luziânia, Reinaldo de Lima Reis Júnior, além de servidores, estudantes da Instituição e membros da comunidade externa.
Valorização das mulheres
Em sua fala, a reitora do IFG, professora Oneida Irigon, destacou a importância da realização do Encontro de Culturas Negras para a Instituição: “O tema que nos move neste ano é profundo e necessário: ‘Mulheres do Centro-Oeste: por reparação e bem-viver.’ Aqui falamos de luta, de resistência, de trajetórias marcadas pela ancestralidade, mas também de reivindicação de direitos, de justiça histórica e de construção de um futuro que nos garanta dignidade e vida plena”.
Reitora do IFG, professora Oneida, na solenidade de abertura do Encontro de Culturas Negras
Durante a abertura, Oneida ressaltou que “não existe educação emancipadora sem enfrentar o racismo estrutural, sem valorizar as culturas negras, sem afirmar a potência das mulheres negras. Não existe educação transformadora sem colocar no centro da formação o compromisso com a igualdade, com a diversidade e com a democracia”.
Como destacou a reitora, “o Encontro de Culturas Negras é também um ato político. Ele denuncia as desigualdades, mas também anuncia possibilidades. Ele nos mostra que a ancestralidade não é passado, mas é futuro. Ele nos lembra que a nossa luta é de todas e todos, e que só juntos podemos transformar essa realidade”.
Eventos integrados
Na edição deste ano, junto com o Encontro de Culturas Negras (ECN), estão sendo realizados também outros três eventos: o XI Seminário de Educação para as Relações Étnico-Raciais – evento local do Câmpus Uruaçu e que sempre é realizado em conjunto com o ECN; o VII Congresso Brasileiro de Pesquisadoras(es) Negras(os) da Região Centro-Oeste – evento da Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as) (Copeneco); e o I Encontro Regional de Educação Escolar Quilombola do Centro-Oeste (Ereeq-CO), resultado de uma parceria do IFG com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação (MEC).
Como o evento congrega essas outras atividades, durante a abertura no final de sua fala, Oneida desejou um bom evento para todos os presentes: “Que este Encontro, junto com o Copeneco e o Ereeq-CO, além do Seminário de Educação para as Relações Étnico-Raciais, seja um espaço de afirmação, de resistência, de reparação, de proposição e de caminhos na luta antirracista. Que seja um tempo de partilha, de aprendizagem e de celebração da nossa diversidade. E que daqui possamos sair ainda mais comprometidos com a construção de uma educação pública transformadora, que forma para a vida, para a democracia e para a justiça social”.
Andreia Alves, diretora do Câmpus Uruaçu, durante a solenidade de abertura
Andreia Alves, diretora do Câmpus Uruaçu e coordenadora-geral do Encontro, ressaltou na solenidade de abertura que a construção do evento deste ano foi um desafio: “a organização do evento foi um desafio, mas somamos forças e estamos aqui agora fazendo um belo evento”.
A gestora do Câmpus Uruaçu destacou que o tema do Encontro deste ano se alinha à marcha das Mulheres Negras, que irá acontecer no dia 25 de novembro deste ano, e pontuou a respeito da importância da participação na atividade. Citando Angela Davis, Andreia lembrou: “quando uma mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”.
Marciella Carvalho, em sua fala, destacou a importância dos eventos integrados ao Encontro e do tema que o norteia e chamou atenção para a construção de um espaço de resistência: “É preciso fortalecer o Encontro e o tema desse evento, além de fortalecer as lutas no IFG e fora dele!”
Flávia Costa e Silva falou sobre a importância de continuar lutando e buscando transformar os territórios: “nós precisamos continuar lutando; nossa voz precisa continuar ecoando”. O professor Adilson destacou a alegria por estar em um evento tão rico e chamou a atenção para a importância da pesquisa e da sua socialização.
A solenidade de abertura contou com as apresentações culturais de Alidi (voz e violão) e de Danilo Serafim (declamações de poesias). Após a cerimônia, foi realizada uma conferência de abertura com a professora Renata Melo. Chamando atenção para a necessidade de descolonizar o pensamento e valorizar a diáspora negra, Renata falou sobre o tema "mulheres negras intelectuais: protagonistas da história". A atividade foi mediada por Izete Santos.
Renata Melo (à direita) e Izete Santos (à esquerda) no Encontro de Culturas Negras
Depois da conferência, foi realizado o show “Raízes Negras”, com Milca Francielle e banda. Em seu show, Milca celebrou a música preta brasileira e as raízes afro-diaspóricas em seu trabalho, integrando bandas como Passarinhos do Cerrado e o bloco afro Tambores do Orum.
Show com Milca Francielle durante o Encontro de Culturas Negras
Outras atividades
Nesta quinta-feira, foram realizadas diversas atividades no Câmpus Uruaçu. Apresentações culturais e oficinas diversas tomaram conta dos espaços da instituição. Uma dessas oficinas foi realizada pelo Grupo de Dança de Tambor Raiz e Tradição, que conta em sua formação com integrantes da Comunidade Quilombola João Borges Vieira.
Grupo de Dança de Tambor Raiz e Tradição em oficina no Encontro de Culturas Negras
Foi com muitas palmas que começou mais uma edição dessa tradicional oficina de dança de tambor. Maria Santina, ou melhor, “Tia Santina”, foi a responsável por ditar o ritmo da dança, do canto e da explicação sobre o que é a dança de tambor para o público que acompanhava a atividade no pátio do Câmpus Uruaçu.
Quem coordena a oficina é Raiane Gouveia, que explicou: “essa é a sétima edição da nossa oficina aqui no IFG. Esse espaço é muito importante para apresentar ao público a nossa ancestralidade, mostrar nossa representação cultural, falar da nossa luta e convidar as pessoas a conhecerem um pouco mais da nossa cultura”.
Raiane Gouveia, do Grupo de Dança de Tambor
Além de Maria Santina e Raiane, fazem parte também do grupo de dança os integrantes Jorge Baiano; Sr. Luiz Nogueira; Sr. João Celestino; e o jovem Pedro Augusto Nunes dos Santos, todos integrantes do Quilombo João Borges Vieira.
Outra atividade realizada durante o Encontro foi uma mesa-redonda intitulada “Mulheres Quilombolas: por justiça, reparação e bem-viver”. Participaram da atividade Lucilene Kalunga, Elenízia da Mata e Luciene Dias. Encerrando essa atividade, Elenízia da Mata destacou a importância de compreender as nuances políticas e participar dos espaços de poder para propor mudanças: “é preciso entender as nuances da política, organizar a luta, além de ter uma agenda política transformadora e, de fato, questionar a justiça e o bem-viver”.
Mesa-redonda intitulada “Mulheres Quilombolas: por justiça, reparação e bem-viver” é realizada no Encontro
Programação
As atividades do Encontro de Culturas Negras 2025, do XI Seminário de Educação para as Relações Étnico-Raciais, do Copeneco e do Ereeq-CO seguem até o dia 4, quando o evento será finalizado.
Veja registros do evento no Instagram e no Facebook do IFG
Diretoria de Comunicação Social/Reitoria.
Redes Sociais