Tecnologia e sociedade são tema do VII Seminário Nupefil
Evento foi aberto nesta quinta-feira, 12 de dezembro, com debate sobre o olhar com criticidade para o mundo tecnológico
O Núcleo de Pesquisas e Estudos em Filosofia – Nupefil do Câmpus Goiânia do Instituto Federal de Goiás (IFG) realiza hoje e amanhã, 12 e 13 de dezembro, a sétima edição do seu seminário. A abertura do evento ocorreu no auditório Demartin Bizerra, com apresentação cultural do Goyania Quarteto de Violões, composto pelos docentes da área de música do IFG, Felipe Valoz, Gustavo Amui, Maurício Mendonça e João Henrique Cardoso. As atividades do evento são abertas à comunidade acadêmica e as inscrições podem ser feitas pelo Sugep.
A primeira mesa do seminário abordou o tema Tecnologia, Sujeito e Sociedade: distopias contemporâneas e reconstrução de existências e saberes, que buscou discutir e pensar sobre a subjetividade dos indivíduos em um meio permeado por tecnologias que, ao mesmo tempo que são necessárias, também são veículos de alienação e vitrine de vertentes de pensamentos opressora das minorias, meio ambiente e da diversidade. Compuseram a mesa as docentes do IFG Maria Eliane Rosa de Souza, Marcela Castanheira e Iarle Ferreira e o professor Eduardo Carli.
Da esquerda para a direita: Marcela Castanheira e Iarle Ferreira, Maria Eliane Rosa de Souza e Eduardo Carli
Inicialmente, a professora Maria Eliane trouxe uma explicação sobre o que é distopia. Segundo ela, trata-se de um lugar, de uma sociedade, em que se vivem condições opressivas e desesperadoras, instalada por qualquer que seja o meio, de maneia que as condições de vida dos indivíduos que ali estão situados se tornam insustentáveis.
Ainda de acordo com a professora, dentro dessa sociedade tecnológica, inserida num contexto sociopolítico que privilegia a iniciativa privada e reforça os processos alienadores promovidos pelo capitalismo, há mostras em escala mundial de cenários ambientais, existenciais, sociais e políticos extremamente graves, como queimadas, enchentes e secas, ascensão de regimes autoritários, posturas antidemocráticas, aumento das desigualdades sociais, além das violências contra mulheres, povos originários, negros, quilombolas, comunidade LGBTQIA+, entre outras.
Goyania Quarteto de Violões na abertura do VII Seminário Nupefil
Tudo isso é visto e impulsionado por redes sociais que seguem atuando sem regulamentação, mesmo tendo mecanismos para inibir conteúdos danosos ao público. “A lei efetiva, em qualquer âmbito, auxilia no processo de mudança da consciência ética das pessoas e da cultura digital, tornando o ambiente digital mais seguro e transparente, na medida em que protege juridicamente os atingidos e os vulneráveis. Afinal, estamos falando de tecnologias e os provedores têm todas as condições de detectarem e de barrar conteúdos inapropriados e ilícitos antecipadamente. A internet e as redes sociais não podem se tornar terras de ninguém”, frisa Maria Elaine.
Diante de tudo isso, o debate segue para um ponto: não há como voltar atrás em relação à tecnologia e ela pode ser benéfica, se bem administrada. Por isso, uma alternativa apontada durante a discussão passa pela possibilidade de criar novos territórios existenciais que abarquem grupos sociais minoritários pelo desenvolvimento de “micropolíticas” e “revoluções moleculares”. “É preciso a gente compreender que o poder não está instalado de cima para baixo. Então cada sujeito aqui presente, cada um de nós, pode desenvolver o que a gente compreende por micropolítica. Na sua ação cotidiana, no seu trabalho, na sua casa, na sua família, nas instituições das quais você participa. E como todos nós somos átomos que faz parte de uma grande teia múltipla e que constrói diversas identidades, a gente pode agir com revoluções e com revoluções moleculares. O que fazem as minorias dissidentes hoje é isso, se movem por micropolíticas e revoluções moleculares”, explica a docente.
Programação
As atividades do VII Seminário Nupefil seguem durante a tarde e a manhã dessa sexta-feira, 13 de dezembro. Nesta tarde, haverá apresentações do grupo de trabalho Corpos-mentes dissidentes e colonialidade, das 13h10 às 17h30, no auditório Julieta Passos. Serão expostos os seguintes estudos: Desdibujar la cartografía colonial, Prácticas de Opacidad (desenhar a cartografia colonial. Práticas de opacidade); Slavery in Africa post abolition of the transatlantic slave trade in 1807 (escravidão na África após a abolição do comércio transatlântico de escravos em 1807); Novos futuros possíveis, imagens para a gente negra; Sujeito, direito, dissidência e colonialidade; A invasão da humanidade e as comunidades dissidentes; O ensino das relações étnico-raciais na Geografia: diálogos possíveis com a literatura infanto-juvenil; De minha pele ao trabalho docente com imagens: escritas do encontro entre professores e cinemas.
No dia 13, haverá a continuação das apresentações dos trabalhos, das 8h às 12h, no auditório Julieta Passos: Cultura e democracia: plano de investigação pra pesquisa sobre juventudes Brasil/Chile; Sujeito, colonialidade e racismo segundo Frantz Fanon; A capoeira como prática de libertação. Após a apresentação desse último trabalho, o evento terá uma oficina de Capoeira Angola, com Mestre Leninho, grupo de Capoeira Angola no Pé do Berimbau. Haverá também exposição estudantil com temas diversas.
Durante todo o evento, os participantes e a comunidade acadêmica podem conferir a exposição de arte Des-orientações à vista, dos artistas Greicielly de Souza, Astra Barbosa, Ingrid Cavalcante, Pablo Garcia da Silva e Elinaldo da Silva, todos da Universidade Federal de Goiás, com curadoria de Nathan Machado e Isabela Ribeiro (ambos da UFG).
Coordenação de Comunicação Social do Câmpus Goiânia
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